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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Santificados para transformar o mundo


Deus criou o mundo em perfeita harmonia. Tudo que Ele fez, aos seus próprios olhos era bom, refletia a sua bondade e perfeição, pois através de sua Palavra tudo veio a existir (Gn 1:1-25). A origem do Cosmos e tudo o que nele há está na Palavra do Deus Eterno que é santo, perfeito e bom. Assim fora formado o homem, do barro desta terra boa e fértil, trazido à vida pelo sopro do Altíssimo, constituído à imagem e semelhança de seu Criador, portanto o homem reluzia a glória e a santidade de Adonai (Gn 1:26-28).

Nós fomos feitos assim, para que zelássemos e co-participássemos de Sua criação (Gn 2:18, 19). Não é por menos que ao homem é dado o direito de nomear as criaturas no Jardim. Lembremo-nos que nomear é dar identidade e significado à existência na cultura hebraica, cultura esta em que se encontra a Bíblia Sagrada (p.ex. Gn 32:28).

Assim era o ideal de Deus para a Sua criação: harmonia entre natureza e homem, harmonia nos relacionamentos entre Deus e sua Criação e harmonia nos relacionamentos humanos, tanto do homem consigo mesmo, quanto do homem com o seu semelhante. Mas infelizmente esta harmonia foi quebrada quando o ser humano opta em desobedecer ao Criador sedendo às tentações da serpente que o levou a crer que o fruto da desobediência seria o homem ser como Deus. (Note que o homem já era imagem e semelhança de Deus) (Gn 3:1-8). Mas o que aconteceu é que não só a imagem e semelhança fora totalmente distorcida, como toda a Natureza se contorce diante do pecado de quem deveria zelar por ela. Agora crescem em nosso meio espinhos e abrolhos. (Gn 3:16-19) Crescem na terra, crescem em nosso coração. O mundo e tudo o que nele há acabou por ser “serpentizado” e Deus passa a buscar o homem que se perdeu em seus próprios delírios e fraquezas (Gn 3:9).

Por isso o sacrifício de Jesus é vital. É Ele quem nos reconcilia com o nosso Criador. (Ef. 2:13-16) É Ele quem silencia a morte ao ressuscitar de uma vez por todas, entregando aos que creem a esperança da vida eterna (1 Co 15:20). Em Jesus Cristo, os homens e a Natureza convergem novamente ao Deus Criador que anseia em esmagar a cabeça da serpente (Gn 3:15) e ter de volta, santa e imaculada Sua amada Criação.

Assim, Jesus funda nesta terra a Sua Igreja, como um sinal do Seu Reino de Justiça e Amor (Mt 16:13-20), Seu povo santo, como Deus é santo (1 Pd 1:14-16), separado do sistema serpentizado em que se tornou o mundo, desde a queda, e que por isso pode sempre sinalizar o caminho para a reconciliação de toda a Criação com o seu Deus (Rm 12:1,2). E Jesus envia-nos também o Espírito Santo, para nos santificar e nos preparar para sermos um sinal verdadeiro, digno e crível aos olhos dos homens (Jo 16:7-13).

Não é a toa que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche disse que “se mais remidos se parecessem os remidos, mais fácil me seria crer no redentor”. Deus quer um povo santo, separado por Ele e para Ele, um povo que não seja um paradoxo entre sua vida e a mensagem que ele carrega. Deus quer um povo legítimo que não envergonhe a mensagem que traz consigo (Rm 1:16). O Evangelho para a salvação é levado pela Igreja, mas antes de ser pregado, precisa ser vivido até as últimas consequências. Embora Paulo Apóstolo tenha dito, assertivamente, que o importante é que o Evangelho seja pregado (Fl 1:15), independente das intenções do pregador, não podemos jamais nos esquecer das Palavras do Cristo que nos chama a todos os dias tomarmos a nossa cruz, negarmos a nós mesmos e o seguirmos (Lc 9:23).

Santificados transformaremos o mundo. O que me faz lembrar do profeta Elias, que em contenda contra os centenas de profetas de Baal, sozinho provou que o único Deus verdadeiro é o Deus de Israel, mas não antes de purificar o altar que antes estava sendo usado pelos falsos profetas para invocar um falso deus (1 Re 18:30-32). Isso nos coloca sob o desafio de limparmos todos os “altares” de nossa vida, emocional, sentimental, material, enfim... para invocarmos a Deus com legitimidade de propósitos importa-nos estarmos limpos perante Ele que é santo e quer fazer de nós um povo santo.

A mensagem de convite a santidade não é apenas um chamado para o povo de Israel (Lv 20:7; 1 Pd 1:15, 16). Ela até hoje ecoa do trono de Deus para nos fazermos a cada dia mais parecidos com o Seu Filho, que em sua oração modelo, a oração do Pai Nosso, nos ensinou que antes de orarmos pedindo o perdão dos nossos pecados era fundamental que perdoássemos àqueles que nos haviam ofendido (Mt 6:9-15).

A santidade nos aproxima de Deus em amplo sentido, faz de nós pessoas mais parecidas com Ele, refletindo em um mundo de trevas o caráter lumioso que só Ele tem (Rm 8:29). A santidade nos separa dos sistemas “serpentizados” que dominam o mundo amado em que vivemos (Jo 17:11-20). A santidade nos possibilita uma vida evangélica sem hipocrisia que ama a Criação e busca imprimir o caráter santo e puro de Deus em todas as esquinas de todas as ruas das grandes cidades, em todo o interior verde e rural, em todo o rincão aonde a Natureza geme em dores de parto, esperando que nós, os santos, (Rm 8:19-22) cheguemos para, pelo poder do Espírito Santo (Jo 16:7-14), transformarmos as realidades que nos cercam.

Da mesma forma que Jesus, por onde andou, transformou de maneira incontestável ambientes totalmente entregues às forças do mal, como na vida do endemoninhado geraseno (Lc 8:26-34), assim também nós por onde andarmos temos como obrigação diante de Deus e de Seu Evangelho, que nos salvou nos libertando do cativeiro do pecado, de também transformar os ambientes em que nos encontramos. Bem disse Pedro acerca de Jesus, em seu sermão na casa de Cornélio, “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.” (At 10:38). Nós também fomos ungidos com o Espírito Santo da promessa, e é a nós que Deus espera para que todas os arranjos de maldade que dominam o mundo sejam desfeitos pelo poder do Evangelho. Prossigamos em santidade, para que assim vejamos a glória de nosso amado Deus, a partir de nossas próprias vidas, sendo canal de transformação do mundo em que vivemos. (Hb 12:14)


Deus o abençoe poderosamente.

Pr. Carlos Magalhães

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