Este blog é de única e inteira responsabilidade do seu autor, isentando qualquer instituição, outras pessoas físicas ou jurídicas.

sábado, 30 de abril de 2011

Ame Campos


"Orem pela paz de Jerusalém" Salmo 122:6a


A Palavra de Deus nos confronta mais uma vez. Orem pela paz em Jerusalém, orem pela paz na sagrada cidade do Senhor. O Senhor habitava no templo construído, assim como habita também nos céus.

Hoje o véu o templo, que separava o Santo dos Santos (e com isso a própria presença de Adonai) se rasgou quando Jesus de Nazaré deu o seu último suspiro de vida entregando-se para a morte.

Com o advento do Pentecostes a presença do Espírito de Deus, da glória de Deus, a Sua Shekinah, agora habita dentro do homem liberto do pecado. Habita dentro do Santuário feito pelo próprio Deus. Ele não habita em templos feitos por mãos humanas, mas habita em nós, Seus filhos, feitos filiação no Filho Único.

Isso me leva a uma pergunta: Qual é a nossa Jerusalém?

Porque a Jerusalém dos judeus continua no Oriente Médio, sendo palco de conflitos entre povos que nunca se entenderão. Por outro lado, aonde está a nossa cidade santa, a nossa Jerusalém pessoal, onde Deus habita com a Sua glória, já que habita em nós?

Pois bem, nós, Segunda Igreja Batista na cidade de Campos dos Goytacazes, temos nesta terra goytacá a nossa Jerusalém sagrada. É aqui o primeiro alvo de nossa preocupação social, nossa compaixão, nossa caridade e absolutamente, de nosso amor.

Amar a cidade de Campos é amar o nosso lugar de morada. É amar o nosso lar. As cidades são as moradas dos homens e Campos é a nossa morada, o espaço político e geográfico dado por Deus para que zelássemos por ele.

Temos com a nossa cidade uma dívida eterna, uma dívida de amor. Este é o princípio cristão da mordomia, em que tomamos conta com zelo e carinho daquilo que Deus colocou em nossas mãos nesta vida.

Como temos lidado com a cidade de Campos? Com seu povo e sua cultura?

Devemos ser os primeiros a amar esta cidade e seu povo, amar sua cultura e rogar ao Senhor para que redima tudo aquilo que não lhe pertence para que este pedaço de terra seja um solo abençoado.

Amar Campos nos é imperativo, não é algo que podemos escolher ou não. Se estamos com os pés cravados aqui é-nos obrigatório que ao lado nos nossos formosos pés esteja cravada também a cruz do Calvário.

Ame a sua Jerusalém! que hoje atende pelo nome de Campos dos Goytacazes.

Deus o abençoe,


Pr. Carlos Magalhães

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A relação entre riqueza e espiritualidade

Relação entre dinheiro e espiritualidade?

É simples.

Você precisa ser treinado financeiramente para crescer espiritualmente e não ser treinado espiritualmente para crescer financeiramente. Está aí a relação bíblica que [quase] ninguém quer de fato saber. Porque para a maioria daqueles que associam espiritualidade com dinheiro, Deus é o nome que eles dão ao seu deus Mamon. Só não chamam de Mamon, mas sim de “deus”, como o nosso Deus também chamamos “Deus”.

O Capital é um bom deus. Ele é humilde, não fala, não dorme, também não se cansa. Está sempre pronto a nos satisfazer e nos ouvir. Como toda boa divindade, ele também apresenta as suas condições em ter-nos como bons fiéis. O Capital exige proteção. Nisto este deus nos deixa em total confusão, porque serve-se à um deus incapaz de proteger-se. Ele nos protege, nos fornece a tranquilidade de uma noite de sono velada por qualquer espécie de aparato de segurança que o dinheiro pode comprar [e ele pode comprar toda], mas exige que cuidemos dele como não cuidamos de mais ninguém.

Este deus tem seus templos, aonde ele habita em plenitude e em segurança. Desde carteiras da Louis Vuitton à Fundos de Hedge. É um deus sem fronteiras que tornou-se muito mais do que uma simples entidade territorial. Ele está em São Paulo, em Frankfurt, em Wall Street, ao mesmo tempo. Sim, em muitos sentidos ele é onipresente.

Quando o Deus de Israel diz que não divide a Sua glória com ninguém, o deus dinheiro não quer glórias para si, ele não precisa. Ele quer que seus súditos, sim, sejam glorificados através de carros bacanas, camisas de marca, relógios de milhares de reais. O deus dinheiro é um deus sem glória, porque ele dá glória a quem o tem como deus, e em troca exige adoração. Uma adoração sem glórias, diga-se de passagem.

Mas adoração nada mais é do que imitação. Quanto mais adoramos a Cristo, mais parecidos ficamos com ele. Quanto mais adoramos ao dinheiro, mais parecidos ficamos com aqueles que tem mais dinheiro do que nós.

O Capital é um deus frágil, porque a qualquer momento ele troca de mãos, ou pior evapora no ar com mega desvalorizações cambiais em estouro de bolhas imobiliárias.

Ter dinheiro é ruim?

Não!

Se você não quiser ter dinheiro algum e dar tudo para os pobres, muito bem. Se você quer ser um bem sucedido empresário do ramo de exploração de diamantes de metais preciosos, muito bem também.

O problema não é o dinheiro, meu amigo. O problema sempre foi e sempre será você.

Enquanto o dinheiro estiver na posição de seu serviçal bastardo, ótimo. Porque depois que ele assume a forma de deus dentro de você, então o serviçal bastardo será você.

Há pessoas que preferem ser serviçais bastardas e comerem caviar, bebendo champanhe em um iate de cinquenta pés.

Há pessoas que preferem serem mordomos de seus recursos os submetendo ao único Senhor realmente digno desta alcunha: Jesus.

Se você quer ser discípulo de Jesus tendo o dinheiro como seu deus, me desculpe, volte outra hora, quando você tiver resignificado isso em sua vida. Ou o Capital ou Jesus.

Por isso eu disse que você precisa ser treinado financeiramente para crescer espiritualmente. Não estou falando em cursinhos nem em livros do tipo “Os 5 passos para prosperar com Jesus”. Nada dessa bobajada cretina. O verdadeiro treino é você se desapegar, dando uma parte do que você tem para aqueles que não tem, como por exemplos os pobres de sua cidade. O verdadeiro treino, Jesus propôs ao jovem rico: “vá vende tudo que tens, dê aos pobres e segue-me”

Repare que Jesus não manda dar o dinheiro no Templo, nem aos sacerdotes, nem aos padres, nem aos pastores. Ele disse DÊ AOS POBRES. Dê para quem precisa de verdade. Nada de fogueiras “santas”.

Boa sorte.

Amem


Pr. Carlos Magalhães


PS: Estou com medo de que tenha ficado no ar algo do tipo que só aqueles que têm recursos, os ricos, é que são os verdadeiros adoradores do dinheiro. Não é preciso ter dinheiro para ser escravo dele. É preciso apenas ter um coração e entregá-lo ao dinheiro, assim como muitos entregam o seu coração a Deus.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Acenda o Farol! - primeiras palavras sobre ser Igreja


Quem somos nós? Bem... Quem somos você e eu diante do mundo? Diante de Deus? E diante de nós mesmos?

Enquanto comunidade, somos a comum unidade daqueles que se reunem em assembléia para adorar o Deus a quem chamamos Pai, ao Filho que sabemos ser Jesus e ao Santo Espírito que se mostra a nós como o grande companheiro da jornada cristã.

Somos a Assembléia de Jesus de Nazaré, o Messias. Somos a Ekklesia de Deus. Nos unimos uns aos outros como um braço se une ao tronco, através de juntas e ligamentos elaborados pelo próprio Deus.

Mas ainda assim, quem somos nós? Não no sentido de definirmo-nos enquanto conjunto de pessoas, mas sim no santo sentido de nos estabelecermos existencialmente diante de Deus e, consequentemente, diante de toda a Criação.

Me arrisco a dizer que somos o grande sinal. O sinal de que Deus não apenas existe, mas amorosamente interage com a Criação querendo se estabelecer como soberano sobre todos os patamares da vida, em especial da vida humana.

Deus habita no Seu povo atráves do Espírito Santo e habita no mundo através do Seu povo. Daí para frente é que fazemos qualquer eclesiologia. Um povo que nega a sua condição existencial de ser presença e presente de Deus no (e para o) mundo é um povo que se nega diante do próprio Deus.

Isso é seríssimo.

Ou nos colocamos na posição correta, como verdadeiros sinais do Reino de Deus, ou melhor, como um verdadeiro altar erigido por Jesus de Nazaré, para que todos os homens contemplem, a partir de nós, tudo o que se chama Sagrado. Ou então acabamos prostituindo as nossas próprias vidas, nos deixando levar por questões outras que levam sombras à nossa vocação maior, a vocação de sermos o grande sinal de Deus no planeta.

É uma questão de escolha. O que também implica dizer que é uma questão de posição a ser tomada primeiramente diante de nós mesmos. Deus já nos outorgou esse santo ofício. Não precisamos sequer orar acerca disso, Ele já mandou, nos resta obedecer.

Até porque, enquanto instrumentos nas mãos do Senhor, não temos muitas opções aqui. Ou seremos sinais, ou estaremos como uma cidade em total escuridão, apesar de já estarmos edificados sobre o monte.

Deus o abençoe profundamente.


Pr. Carlos Magalhães

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ensaio sobre a vocação pastoral


O Senhor é o meu pastor, de nada terei falta (Salmo 23:1)

O homem que escreveu este verso, chamava-se Davi. Ele foi pastor em sua juventude.

Quando ele ainda estava na lida do campo que Deus o chamou para o grande e real mister de ser o rei de Israel.

Davi sabia exatamente o que ser pastor significava. A dureza de seu dia-a-dia o ensinou isso.

Não há glamour em ser pastor.

Os holofotes nunca estiveram sob este homem do campo. Pastor era o homem pobre, que tomava conta de um rebanho de ovelhas.

Só isso, e nada além disso.

É ele quem as leva, as suas ovelhas, ao encontro do bom alimento, vela o seu sono, zela por sua saúde, está sempre sendo maltratado pelo sol que queima o rosto ou pelo frio que fere a pele, enfrenta a fúria das feras e a maldade dos ladrões - o pastor vive e arrisca a vida pelas ovelhas.

A ovelha é o sentido de ser do pastor.

Pastor era, para o salmista, este homem que vivia na simplicidade de sua árdua e solitária vocação.

Interessante pensar em Davi olhando sua vida, suas experiências e chegando a esta conclusão tão singela: Deus, o Senhor Todo-Poderoso, Criador dos céus e da terra, é pastor.

O pastor Davi chamando Deus de pastor, inspirado pelo Espírito, traz ao nosso coração a certeza do Deus maravilhosamente humilde que temos. O Deus singelo que veio ao campo, por amor à nós. O Deus amante que, mesmo sendo merecedor de toda glória, faz de suas ovelhas, participantes de sua própria vida.

Deus protetor.

Deus zeloso.

Deus pastor.

Estou em um especial momento de minha vida. Um momento de reflexão acerca desta vocação que ainda me é tão estranha. Ela está repleta de desafios que eu, pessoalmente não me vejo em condições de enfrentá-los.

Mas foi o Pastor Paulo, o Apóstolo, que disse que não havia ninguém digno para esta tarefa. E isto me enche de paz. Não só porque tenho consciência de que sou indigno, mas também que o trabalho pastoral nunca é individual. Afinal de contas, no Novo Testamento, a palavra “pastor” só é usada para referir-se a uma pessoa: Jesus de Nazaré, o Bom Pastor.

Olho para o trabalho pastoral, não apenas como trabalho, mas como parte do caráter de Deus derramado no meio dos homens.

Ser pastor não é um título que me deram para que eu pudesse ser chamado com mais pompa. Nem uma palavra que eu usaria à frente do meu nome para me diferenciar diante dos meus iguais.

Ser pastor é antes de tudo uma condição existencial. Eu existo enquanto pastor. Isto é o que faz da minha vida, uma vida cheia de sentido. Então só me basta existir para cumprir a minha vocação.

As ovelhas, são dEle, e as que Ele tiver como parte de seu cuidado para com elas, me colocar como zelador, assim Ele fará.

Mas, uma coisa é mais certa do que tudo. Tenho que respirar como pastor, andar como pastor, comer e beber como pastor, viver como pastor, não com uma capa religiosa, mas como uma forma de existir.

E a vocação pastoral, transcende a simples vocação profissional. Ela é uma mistura inexata do senso que o vocacionado tem em sua consciência de que é fazendo este trabalho que trará sentido à vida, mas este senso está alicerçado não (apenas) em uma habilidade natural, ou uma grande vontade, mas antes de tudo em um “chamado”.

Em algum momento de minha história eu ouvi: “Carlos, apascenta as minhas ovelhas”. E tudo à minha volta começou de uma maneira independente de minhas próprias construções existenciais a girar em torno disso.

Chamado é isso. É você existir a partir daquele chamado.

Foi assim com Paulo, Pedro, Agostinho, Francisco de Assis, Thomas Merton, Ambrósio, Spurgeon, Hélder Câmara, Wesley, Tereza de Cálcutá, além dos milhões e milhões de piedosos que não estão com seus nomes na História, mas pastorearam o rebanho de Deus, nas lavouras, nas salas de aulas, nos consultórios dentários, nos escritórios, atrás dos balcões, e também (por que não?), nos púlpitos das comunidades eclesiásticas.

domingo, 24 de abril de 2011

O Domingo de Páscoa


Páscoa é passagem.

Passagem do anjo da morte sobre os lares dos judeus, que escravos no Egito, ungiram os umbrais de suas casas com o sangue do cordeiro que fora imolado e feito refeição simbolizando a união daquele povo com o seu Deus.

Páscoa é passagem.

Passagem do anjo da morte que matou os primogênitos de toda a terra do Egito. Primogênitos de homens, primogênitos de animais.

Passagem que passa por cima daqueles que clamaram por libertação.

"Disse o Senhor: 'De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, e também tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo. Por isso desci para livrá-lo das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel: a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus. Pois agora o clamor dos israelitas chegou a mim, e tenho visto como os egípcios os oprimem.'" (Ex 3:7-9)

Não existe Páscoa sem o clamor de um povo e o ouvir do seu Deus.

Páscoa é passagem.

É a passagem da morte sobre todos nós que nos encontramos povo de Deus em Cristo Jesus. Nos encontramos mortos para a morte porque de Jesus recebemos uma mais preciosa e verdadeira vida.

Páscoa é passagem.

Mas apenas passagem sobre nós. Porque o anjo da morte passou através de Jesus de Nazaré, matando-o, fazendo dele o nosso Cordeiro, Cordeiro de Deus. E é o sangue de Jesus que hoje passamos nos umbrais de nossa vida, de nosso coração e do mundo onde nos encontramos.

Pelo sangue de Jesus somos encontrados salvos da morte. Morte certa e justa, porque deveríamos de fato morrer, pois o pecado que nos dominava apontava sempre para a sentença capital.

Mas sentenciado foi Jesus.

Em seu lugar.

Em meu lugar.

Agora Jesus é a nossa páscoa. É ele quem impede que a morte nos alcance definitivamente. E isso porque ele não apenas morreu tomando o nosso lugar, antes ressuscitou dentre os mortos explodindo em vida tudo o que se nomeia morte.

A morte nunca mais terá a palavra final. Cristo vive! e não vive apenas em nossos corações, claro que não! Ele vive na história, na existência, em todas as dimensões de espiritualidade, Ele vive verdadeiramente porque venceu a morte.

Jesus está vivo. E é isso que pauta nossa esperança, a esperança de que a morte jamais nos alcançará definitivamente. Neste sentido, para nós, os que estamos em Cristo, Páscoa é sempre libertação para a vida. Seus clamores chegaram aos ouvidos de Deus, meu querido irmão. E o Cordeiro de Deus morreu em seu lugar, mas está vivo, muito vivo, para assegurar que a sua liberdade ultrapasse as cadeias do último inimigo de nossas vidas, ou seja, o fim da vida.

Jesus está vivo! O dom da vida é real e eterno!

Deus o abençoe poderosamente.

Feliz Páscoa!


Pr. Carlos Magalhães

sábado, 23 de abril de 2011

O Sábado de Aleluia


Talvez tenhamos o melhor dia para relembrarmos nossas esperanças do que qualquer outro do calendário.

Talvez tenhamos diante de nossos sonhos e projetos a melhor oportunidade para colocarmos mais uma vez em pauta as promessas que Deus nos fez ao longo de toda a nossa caminhada de fé.

Talvez o dia de hoje, melhor do que qualquer outro dia, seja o dia de trazer à nossa memória que temos um Deus de palavra, que cumpre o que promete na medida da sua imensurável fidelidade.

Talvez neste sábado, melhor do que qualquer outro sábado do ano, podemos contemplar coisas maiores e melhores do que a concretude de nossas próprias vontades e de nossos pensamentos mirabolantes.

Talvez o dia de hoje seja o dia em que deixaremos de lado nossos desejos e impressões acerca da história, nossa história ou a história de qualquer outro, e daremos de uma vez por todas o "direito" a Deus para que Ele se encarregue de nos comunicar a sua vontade.

Talvez hoje seja o dia em que Deus nos confundirá, nos retirará qualquer esperança suja, suja com nossas próprias ideologias e nos comunicará os seus próprios ideais.

Talvez hoje estejamos como os primeiros discípulos, que neste mesmo sábado, há cerca de dois mil anos, viram todos os seus sonhos messiânicos serem colocados dentro de um sepulcro e lacrados com uma rocha.

Talvez, assim como Pedro e os outros dez, estejamos inconformados com a maneira de Deus proceder, na maneira de Deus fazer as coisas, na maneira de Deus bruscamente acabar com a nossa visão de mundo, na maneira de Deus mostrar-nos que o Messias não seria um rei-militar-dominador, mas sim um servo-sofredor-morto.

Talvez hoje seja um bom dia para quebrarmos paradigmas e olharmos para Jesus e lembrarmos que em um sábado como este, sábado dito de aleluia, e em meio à morte de nossa vontade e visão de mundo, demos "Aleluia!", ou seja, louvemos e adoremos, sempre independentemente das situações que nos rodeiam.

Talvez hoje, muito melhor do que qualquer outro dia, seja o momento certo de depositarmos todas as esperanças em Deus, porque em um dia como este, o Messias Jesus de Nazaré, estava morto e enterrado, mas ao contrário dos primeiros discípulos, jamais podemos deixar passar pela nossa limitada mente, que embora o sábado após a morte do Mestre seja um sábado de pranto, o domingo da ressurreição está às portas.

Aleluia!


Pr. Carlos Magalhães

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Sexta-Feira da Paixão


Hoje não celebramos.

A sensatez que é própria da fé em que nos encontramos nos diz que hoje não é um bom dia para celebração.

Hoje contemplamos.

Hoje olhamos profundamente para dentro de nós, olhamos profundamente para a história que se encontra há dois mil anos atrás de nós, olhamos profundamente para o madeiro ensanguentado.

Não celebramos, mas contemplamos a Paixão de nosso Messias, que por amor entregou-se apaixonadamente para ser sacrificado, morto sob a dura pena da humilhação integral. Um homem íntegro e perfeito, Jesus de Nazaré, foi brutalmente assassinado não antes de ser chicoteado, cuspido e escarrado, alvo de chacotas e pendurado em um madeiro mal talhado.

Seu sacrifício foi vicário, ou seja, o que faz as vezes de outro. O que faz as suas vezes e as minhas vezes. Por isso hoje não é dia de celebrar, mas dia certo para uma profunda reflexão sobre o Cordeiro Perfeito e Sem Mancha que Deus separou para que tomasse nosso lugar naquele momento de horror sem precedentes.

O Cordeiro se entrega. Abre os braços para a história e para os seus algozes afim de que morto pague a pena que estava imposta à todos nós.

Por isso, hoje nos importa olharmos, antes de tudo, para dentro de nós afim de contemplarmos a obra do Calvário em nossas vidas. Afim de que sintamos o sangue que escorreu daquela vida perfeita, por aquela madeira mal acabada, regar a nossa existência.

"O castigo que nos traz a paz estava sobre ele" é o que diz o profeta. E quantas vezes desfrutamos desta paz duradoura, verdadeira e confortante sem ao menos nos lembrar do castigo que a proporciona. A vida ao lado do Cristo, e este crucificado, é uma vida que não se cansa jamais de contemplar na cruz os meus próprios delitos e transgressões.

Naquela sexta-feira o Leão da Tribo de Judá cedeu lugar ao mudo Cordeiro de Deus. Naquela sexta-feira da Paixão, o Cordeiro de Deus não permitiu que você e eu tomássemos o nosso lugar de direito e foi imolado em nosso lugar.

Hoje, e sempre, contemple os seus "pecados castigados em Jesus".

Deus o abençoe.


Pr. Carlos Magalhães

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Santificados para transformar o mundo


Deus criou o mundo em perfeita harmonia. Tudo que Ele fez, aos seus próprios olhos era bom, refletia a sua bondade e perfeição, pois através de sua Palavra tudo veio a existir (Gn 1:1-25). A origem do Cosmos e tudo o que nele há está na Palavra do Deus Eterno que é santo, perfeito e bom. Assim fora formado o homem, do barro desta terra boa e fértil, trazido à vida pelo sopro do Altíssimo, constituído à imagem e semelhança de seu Criador, portanto o homem reluzia a glória e a santidade de Adonai (Gn 1:26-28).

Nós fomos feitos assim, para que zelássemos e co-participássemos de Sua criação (Gn 2:18, 19). Não é por menos que ao homem é dado o direito de nomear as criaturas no Jardim. Lembremo-nos que nomear é dar identidade e significado à existência na cultura hebraica, cultura esta em que se encontra a Bíblia Sagrada (p.ex. Gn 32:28).

Assim era o ideal de Deus para a Sua criação: harmonia entre natureza e homem, harmonia nos relacionamentos entre Deus e sua Criação e harmonia nos relacionamentos humanos, tanto do homem consigo mesmo, quanto do homem com o seu semelhante. Mas infelizmente esta harmonia foi quebrada quando o ser humano opta em desobedecer ao Criador sedendo às tentações da serpente que o levou a crer que o fruto da desobediência seria o homem ser como Deus. (Note que o homem já era imagem e semelhança de Deus) (Gn 3:1-8). Mas o que aconteceu é que não só a imagem e semelhança fora totalmente distorcida, como toda a Natureza se contorce diante do pecado de quem deveria zelar por ela. Agora crescem em nosso meio espinhos e abrolhos. (Gn 3:16-19) Crescem na terra, crescem em nosso coração. O mundo e tudo o que nele há acabou por ser “serpentizado” e Deus passa a buscar o homem que se perdeu em seus próprios delírios e fraquezas (Gn 3:9).

Por isso o sacrifício de Jesus é vital. É Ele quem nos reconcilia com o nosso Criador. (Ef. 2:13-16) É Ele quem silencia a morte ao ressuscitar de uma vez por todas, entregando aos que creem a esperança da vida eterna (1 Co 15:20). Em Jesus Cristo, os homens e a Natureza convergem novamente ao Deus Criador que anseia em esmagar a cabeça da serpente (Gn 3:15) e ter de volta, santa e imaculada Sua amada Criação.

Assim, Jesus funda nesta terra a Sua Igreja, como um sinal do Seu Reino de Justiça e Amor (Mt 16:13-20), Seu povo santo, como Deus é santo (1 Pd 1:14-16), separado do sistema serpentizado em que se tornou o mundo, desde a queda, e que por isso pode sempre sinalizar o caminho para a reconciliação de toda a Criação com o seu Deus (Rm 12:1,2). E Jesus envia-nos também o Espírito Santo, para nos santificar e nos preparar para sermos um sinal verdadeiro, digno e crível aos olhos dos homens (Jo 16:7-13).

Não é a toa que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche disse que “se mais remidos se parecessem os remidos, mais fácil me seria crer no redentor”. Deus quer um povo santo, separado por Ele e para Ele, um povo que não seja um paradoxo entre sua vida e a mensagem que ele carrega. Deus quer um povo legítimo que não envergonhe a mensagem que traz consigo (Rm 1:16). O Evangelho para a salvação é levado pela Igreja, mas antes de ser pregado, precisa ser vivido até as últimas consequências. Embora Paulo Apóstolo tenha dito, assertivamente, que o importante é que o Evangelho seja pregado (Fl 1:15), independente das intenções do pregador, não podemos jamais nos esquecer das Palavras do Cristo que nos chama a todos os dias tomarmos a nossa cruz, negarmos a nós mesmos e o seguirmos (Lc 9:23).

Santificados transformaremos o mundo. O que me faz lembrar do profeta Elias, que em contenda contra os centenas de profetas de Baal, sozinho provou que o único Deus verdadeiro é o Deus de Israel, mas não antes de purificar o altar que antes estava sendo usado pelos falsos profetas para invocar um falso deus (1 Re 18:30-32). Isso nos coloca sob o desafio de limparmos todos os “altares” de nossa vida, emocional, sentimental, material, enfim... para invocarmos a Deus com legitimidade de propósitos importa-nos estarmos limpos perante Ele que é santo e quer fazer de nós um povo santo.

A mensagem de convite a santidade não é apenas um chamado para o povo de Israel (Lv 20:7; 1 Pd 1:15, 16). Ela até hoje ecoa do trono de Deus para nos fazermos a cada dia mais parecidos com o Seu Filho, que em sua oração modelo, a oração do Pai Nosso, nos ensinou que antes de orarmos pedindo o perdão dos nossos pecados era fundamental que perdoássemos àqueles que nos haviam ofendido (Mt 6:9-15).

A santidade nos aproxima de Deus em amplo sentido, faz de nós pessoas mais parecidas com Ele, refletindo em um mundo de trevas o caráter lumioso que só Ele tem (Rm 8:29). A santidade nos separa dos sistemas “serpentizados” que dominam o mundo amado em que vivemos (Jo 17:11-20). A santidade nos possibilita uma vida evangélica sem hipocrisia que ama a Criação e busca imprimir o caráter santo e puro de Deus em todas as esquinas de todas as ruas das grandes cidades, em todo o interior verde e rural, em todo o rincão aonde a Natureza geme em dores de parto, esperando que nós, os santos, (Rm 8:19-22) cheguemos para, pelo poder do Espírito Santo (Jo 16:7-14), transformarmos as realidades que nos cercam.

Da mesma forma que Jesus, por onde andou, transformou de maneira incontestável ambientes totalmente entregues às forças do mal, como na vida do endemoninhado geraseno (Lc 8:26-34), assim também nós por onde andarmos temos como obrigação diante de Deus e de Seu Evangelho, que nos salvou nos libertando do cativeiro do pecado, de também transformar os ambientes em que nos encontramos. Bem disse Pedro acerca de Jesus, em seu sermão na casa de Cornélio, “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.” (At 10:38). Nós também fomos ungidos com o Espírito Santo da promessa, e é a nós que Deus espera para que todas os arranjos de maldade que dominam o mundo sejam desfeitos pelo poder do Evangelho. Prossigamos em santidade, para que assim vejamos a glória de nosso amado Deus, a partir de nossas próprias vidas, sendo canal de transformação do mundo em que vivemos. (Hb 12:14)


Deus o abençoe poderosamente.

Pr. Carlos Magalhães